Nos últimos anos, temos acompanhado no cenário político nacional o predomínio da polarização entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Liberal (PL). Enquanto as duas legendas se enfrentam na Arena política real e virtual, os partidos do chamado “centrão” avançaram de forma estratégica em todo o território nacional, “comendo pelas beiradas”, como ensina a velha sabedoria popular, consolidando assim, sua força política em todo território nacional.

O reflexo desse crescimento do “centrão” se manifestou nas eleições municipais, com um expressivo aumento no número de prefeitos de capitais e uma presença significativa em prefeituras de todo o Brasil no último pleito, impulsionada pelo orçamento das emendas parlamentares.

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Esse fortalecimento do centro político, sobretudo do centro-direita, indica um cenário de maior influência nas eleições de 2026. Mas, esse panorama se esbarra em um fator inesperado que pode ameaçar a unidade desse bloco: a decisão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a principal figura desse campo político, de não concorrer à presidência da República, deve abrir espaço para outras candidaturas.

Com Tarcísio fora da disputa presidencial, o PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, ficaria obrigado a escolher um novo nome, provavelmente o do governador reeleito do Paraná, Ratinho Júnior.

Assim, esse movimento, obrigaria outros partidos desse mesmo campo a lançarem seus próprios candidatos, o que deve levar a uma fragmentação política do bloco; Ronaldo Caiado, do União Brasil e Romeu Zema, do Partido Novo, são outros nomes cotados à disputa presidencial, além de outsiders como Pablo Marçal, com problemas na Justiça Eleitoral e o cantor Gustavo Lima que uma hora vai, outra hora desiste, mas, tem o nome em evidência citado nas pesquisas eleitorais.

Caso essa divisão se concretize, a disputa presidencial de 2026 poderá se desenhar mais uma vez em um cenário polarizado, entre a esquerda, possivelmente com a tentativa de reeleição de Lula, e a direita, representada por um nome do clã Bolsonaro.

Esse cenário também vai influenciar a política nos estados. No Ceará, o principal nome da direita, o deputado federal, André Fernandes já anunciou que o PL, terá candidato ao Governo e ao Senado, demarcando o terreno da direita, sem espaços para uma possível unidade com centro, hoje dividido entre as lideranças de Capitão Wagner e do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio.

A esquerda no Ceará mantém a unidade em torno da reeleição do governador Elmano de Freitas, a dúvida fica mesmo com a composição da chapa majoritária, nas duas vagas em disputa para o Senado.

Se esse cenário estadual persistir, seguindo a lógica da fragmentação nacional, o embate entre direita e esquerda protagonizado na última eleição da capital cearense, pode se repetir no estado, em 2026.