O procurador de Justiça aposentado Ernandes Lopes Pereira, condenado pela morte do delegado da Polícia Civil Cid Júnior, morreu no último domingo (9) em um hospital municipal de Itaitinga, na Grande Fortaleza, após passar mal no presídio onde cumpria pena. Ele tinha 75 anos e chegou a ser preso quatro vezes pelo crime.
Conforme documentos da Secretaria de Administração Penitenciária, o procurador aposentado do Amapá teve um mal-estar por volta da meia-noite em sua cela no presídio Irmã Imelda Lima Pontes, no município de Aquiraz. Após ser levado à enfermaria da unidade, ele foi encaminhado com urgência para o hospital municipal de Itaitinga, cidade vizinha. Ele recebeu atendimento médico, mas por volta de 11 horas da manhã foi constatado o óbito.
De acordo com documentos médicos obtidos pela reportagem, nos últimos anos Ernandes estava com problemas como diabetes, colesterol alto e pedras nos rins. Em julho de 2024, os advogados de Ernandes entraram com um pedido para que ele cumprisse a pena em prisão domiciliar, em razão dos problemas de saúde. O pedido foi negado pela Justiça cearense, que observou que as doenças poderiam ser tratadas dentro do sistema carcerário.
O assassinato do delegado Cid Júnior ocorreu em 13 de agosto de 2008. Na ocasião, o delegado foi morto com um tiro na frente da mãe, no momento que visitava a casa de Ernandes no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. Cid e Ernandes eram amigos de infância. As investigações apontaram que o ex-procurador do Amapá e o então delegado passaram o dia juntos, conversando e bebendo. No início da noite, Ernandes atirou contra Cid. Ernandes foi preso em flagrante pelo crime - a primeira prisão de quatro.
A defesa alegou que o disparo feito por Ernandes havia sido acidental e não havia motivação para matar o delegado. Nos autos do processo, o procurador alegou para a Justiça que o disparo ocorreu "sem querer", tese contestada pela Perícia Forense.