Na Páscoa, no Natal e em qualquer época do ano, os recheios esverdeados do pistache tomaram conta do cardápio dos brasileiros. No entanto, o país não produz pistache e importa 100% do fruto que consome. Uma das iniciativas para tentar viabilizar uma produção nacional do pistache tem a Serra da Ibiapaba, no Ceará, como possibilidade.
A ideia tem sido defendida nos últimos três anos por agricultores do estado. O objetivo é testar a região serrana como um lugar possível para o cultivo do pistache, cuja planta se adapta a climas quentes, mas precisa de períodos constantes de temperaturas baixas.
O caminho para esta produção é ousado e lento. Os desafios passam por etapas burocráticas e dificuldades naturais. O tempo é outro fator: caso a empreitada tenha sucesso, a primeira safra só chega depois de aproximadamente dez anos do início da produção.
O fruto verde tem um cultivo milenar originário das áreas montanhosas do Oriente Médio, tendo sido citado nos escritos bíblicos do Velho Testamento como um dos “melhores produtos da nossa terra”.
No Brasil, é comum pensar que a noz do pistache seja uma novidade. Mas os números ajudam a explicar uma verdadeira invasão no nosso mercado. Em menos de dois anos, as importações brasileiras triplicaram.
Em 2022, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) divulgou a intenção de transformar o Ceará no primeiro produtor de pistache do Brasil.
A iniciativa dos agricultores veio após uma visita às plantações da Califórnia. A ideia seria experimentar se o cultivo do fruto daria certo no estado. Para isso, a instituição acionou a Embrapa para realizar a importação do material genético da planta.
Quase três anos depois, os passos para essa iniciativa pouco avançaram. A Faec informou que o material genético para o cultivo ainda não foi definido. Esse processo seria feito em parceria com a Embrapa.
O local para esta produção já foi escolhido: a Serra da Ibiapaba. Quase na divisa com o Piauí, a região montanhosa tem altitude média de 900 metros e registra temperaturas mais amenas.
O frio da região serrana não alcança registros abaixo dos 10º C, necessários para o cultivo do pistache. No entanto, a ideia aposta em estudos que mostram a possível adaptação da planta ao clima tropical.
De acordo com a Embrapa, ainda não foi formalizada nenhuma parceria para o início das pesquisas que poderiam viabilizar a produção do pistache no Ceará. Os principais desafios para esse empreendimento foram apontados pela instituição e estão listados abaixo.
Condições técnicas para o cultivo:
Ausência de material genético da planta:
São cerca de dez anos para que o ciclo reprodutivo das primeiras plantas seja concluído. Assim, a primeira safra de um cultivo-piloto do pistache brasileiro viria uma década depois do início do plantio.
Neste cenário, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) precisaria também estruturar a cadeia de processamento da noz.