O acordo de cooperação firmado entre as duas principais organizações criminosas do País, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) firmado no início de 2025, parece ter chegado precocemente ao fim. Um relatório do departamento de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN) apontou que o suposto acordo entre PCC e CV incluía mobilização para tornar menos rígido o tratamento de presos considerados perigosos no sistema penitenciário nacional.
Durante as investigações, as autoridades tiveram acesso a mensagens de texto, supostamente dos líderes das facções tratando sobre a trégua entre PCC e CV nas ruas, proibindo mortes entre entre os faccionados em todos os estados da federação. Na ocasião, não havia uma comprovação de que seriam autênticas.
O que parecia ser uma aliança ameaçadora à segurança pública do País, aparentemente não vingou e a ruptura teria chegado ao fim no início desta semana, com uma circular divulgada pela alta cúpula do grupo criminoso carioca. A mensagem se espalhou rapidamente por todos os estados, por meio de aplicativos de mensagens nas redes sociais. Um texto em formado de comunicação institucional, construído sem os costumeiros erros de ortografia e gírias, informa a ruptura e reforça a necessidade da preservação das diretrizes previstas no estatuto da organização criminosa, inclusive prevendo punições severas em caso de descumprimento.
O PCC afirma que, a partir desta data, chega ao fim a aliança, e informa que o armistício tinha o objetivo de diminuir homicídios, que atrapalhavam os negócios. O comunicado também expõe que o acordo foi rompido por "questões que ferem a ética do crime". O CV também comunicou sobre a ruptura e alertou seus integrantes sobre homicídios de inocentes, citando as recentes mortes de jovens que fizeram sinais atribuídos às facções com as mãos - de um ano para cá, foram muitos os casos de mortos ou torturados em diferentes estados do país por postarem fotos com gestos de três dedos, uma alusão ao PCC, e dois dedos (o V de vitória ou paz e amor), símbolo do CV.
A ruptura foi confirmada ao GLOBO pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Presidente Prudente, no interior do estado. Jurado de morte pelo PCC, Gakiya atua há quase duas décadas contra a facção.