Dezessete homicídios foram registrados nesse sábado, 11, em todo o Ceará, conforme levantamento parcial obtido pelo O POVO. Isso fez de sábado o segundo dia mais violento de 2025 no Estado, atrás apenas de 1º de maio, que registrou 19 assassinatos — o dia 11 de maio também registrou 17 homicídios, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Somente em Fortaleza foram registrados quatro assassinatos no sábado. Durante a madrugada, um vigilante foi morto a tiros no bairro Lagoa Redonda. Já pela manhã, dois jovens foram mortos a tiros na faixa de areia na Vila do Mar, na Barra do Ceará. E já durante a noite, um homem foi morto a tiros dentro de uma casa no bairro Siqueira. Até o fechamento desta matéria, nenhum suspeito desses crimes havia sido preso.
Além de Fortaleza, também aconteceram homicídios em: Caucaia, Horizonte (2x), Maracanaú (2x), Novo Oriente, Cariré (2x), Itatira, Boa Viagem, Tauá, Ibaretama e Crato. Um dos crimes registrados em Horizonte foi classificado como feminicídio. Conforme a SSPDS, um homem matou a ex-companheira, tendo chegado a retornar ao local do crime para confrontar um familiar da vítima, que o teria reconhecido.
Ele — que, assim como a vítima, não teve a identidade divulgada — foi preso hora após o assassinato. “Como o suspeito havia ingerido bebida alcoólica durante todo o dia da prática criminosa, acabou se envolvendo em um acidente de trânsito”, informou a SSPDS. “Ele foi detido pelos agentes de Segurança Pública e conduzido a uma unidade hospitalar, em decorrência do acidente.”
Os homicídios registrados no sábado representam um número maior em relação à média de assassinatos para esse dia específico da semana. Os dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) apontam que, até o final de setembro, cada sábado no Estado deste ano teve, em média, 11,57 assassinatos.
Os números da Supesp ainda mostram que os sábados são o dia mais violento da semana no Ceará em 2025, concentrando 18,09% do total de homicídios — em seguida vêm os domingos, com 16,39%, enquanto as terças-feiras, com 12,51%, costumam ser os dias menos violentos.
O jornalista e sociólogo Ricardo Moura observa haver uma relação entre as operações de patrulhamento ostensivo, como a operação Integração Saturação Total, e picos de homicídios no Estado.
Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC) e colunista de segurança pública do O POVO, Moura destaca que, no fim de semana retrasado, 27 e 28 de setembro, foram registrados, respectivamente, 15 e 16 homicídios, após uma semana de uma edição da operação.
“A gente tem operações que demandam muito efetivo, que demandam muito recurso e, quando elas se esgotam, quando elas são encerradas, a gente vê o recrudescimento da violência letal”, analisa o pesquisador.
“O Governo está muito dependente dessa estratégia. E, aí, no momento que não tem uma operação Saturação, no momento que não tem uma grande ação do Governo do Estado, a gente vê o quanto isso resulta no incremento da criminalidade e no aumento dos homicídios”.