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Fenômeno La Niña deve retornar no fim do ano com expectativa de mais chuvas e melhor safra no Ceará

Os impactos devem ser mais sentidos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Raflézia Sousa
Por: Raflézia Sousa Fonte: Portal GCMAIS
15/10/2025 às 11h55
Fenômeno La Niña deve retornar no fim do ano com expectativa de mais chuvas e melhor safra no Ceará
Foto: Reprodução

O fenômeno climático La Niña pode retornar até o fim de 2025 e trazer efeitos positivos para o Ceará, especialmente no aumento do volume de chuvas no estado. Embora as mudanças climáticas costumem trazer consequências negativas em nível global, neste caso, o cenário pode ser favorável à região Nordeste. Segundo a Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA), os impactos devem ser mais sentidos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

A Fundação Cearense de Meteorologia ainda não confirmou oficialmente o retorno da La Niña, mas já observa sinais consistentes. “Nós temos condições de resfriamento no Pacífico Equatorial, o que, se persistir por mais meses, pelo menos até o início de janeiro, nós teremos sim um evento de La Niña”, explicou o meteorologista Francisco Vasconcelos Júnior. Ele acrescenta que “atualmente nós temos um resfriamento na região equatorial do Pacífico e os primeiros acoplamentos entre o oceano e a atmosfera”, o que indica a possível configuração do fenômeno.

A expectativa é grande também no setor hídrico. De acordo com Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a La Niña pode contribuir diretamente para a recuperação dos reservatórios do estado. “Quando se está no quadro de La Niña é um momento propício para que nós possamos ter grandes aportes aos nossos reservatórios. Já que estamos aí com 45% da capacidade total de acumulação, é uma acumulação até boa para o período, mas nós vamos terminar o ano com menos de 40%”, destacou.

O fenômeno pode ainda favorecer a agricultura, especialmente os pequenos produtores do interior do Ceará, que dependem de chuvas regulares. Para Francisco José de Sousa, presidente do Sindicato Rural de Horizonte, os efeitos podem ser decisivos. “Considerando que o estado tem 70% da média de pequenos produtores que cultivam culturas de sequeiro, será de fundamental importância. O impacto será altamente positivo para o estado”, afirmou.

Apesar das previsões otimistas, os órgãos meteorológicos seguem em alerta e manterão o monitoramento contínuo das condições climáticas nas próximas semanas. Há regiões com situação confortável, como a Bacia do Litoral e a Bacia do Alto Jaguaribe, com até 80% da capacidade de armazenamento. No entanto, há áreas em estado crítico, como os sertões de Crateús, que operam com pouco mais de 13% da capacidade.

Se o La Niña realmente se confirmar e persistir nos próximos meses, as perspectivas para o início de 2026 são positivas. “Caso tenhamos uma La Niña, já é um bom sinal para que possamos ter um inverno acima da média histórica”, concluiu Francisco Vasconcelos.