
Uma tragédia foi registrada na noite desta segunda-feira (3) no bairro Planalto Pici, em Fortaleza, após quatro pessoas passarem mal ao ingerirem a mesma bebida alcoólica em um bar localizado na Rua Luciano de Queiroz, esquina com a Avenida Carneiro de Mendonça. Duas delas morreram e outras duas seguem internadas em estado grave.
Uma das vítimas, Antônio dos Anjos Mendes, de 46 anos, conhecido como “Gasolina”, vivia em situação de rua e trabalhava com reciclagem. Ele caminhava em direção ao local onde costumava vender o material recolhido quando passou mal, caiu e começou a sangrar pela boca. Equipes da Guarda Municipal de Fortaleza e do 18º Batalhão da Polícia Militar foram acionadas e confirmaram o óbito no local.
As outras três pessoas que também estavam no bar, identificadas apenas como Netinho, Edmilson e Rogério, foram socorridas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Autran Nunes. De acordo com informações apuradas no local, todas consumiram o mesmo vinho que teria sido ingerido por Antônio.
Uma das vítimas, Netinho, morreu logo após dar entrada na unidade de saúde. Já Edmilson e Rogério foram transferidos para o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro da capital, onde permanecem internados em estado grave.
Segundo a Polícia Científica, equipes realizaram perícia no bar e recolheram amostras da bebida para análise laboratorial. A Polícia Civil investiga a origem da bebida e se o produto foi adulterado ou envenenado. O proprietário do bar e testemunhas devem ser ouvidos para identificar o fornecedor do vinho consumido pelas vítimas.
O Ceará recebeu recentemente 64 unidades do fomepizol, medicamento raro utilizado como antídoto em casos de intoxicação por metanol. O envio faz parte de um lote com 2,5 mil ampolas distribuídas pelo Ministério da Saúde a todos os estados e ao Distrito Federal. A entrega ocorreu no início de outubro, e 1.000 unidades permaneceram no estoque estratégico nacional do SUS.
A aquisição do antídoto é inédita no Brasil e foi realizada por meio de uma subsidiária de uma empresa japonesa, apenas oito dias após o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acionar o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O medicamento é considerado de difícil acesso devido à baixa produção mundial.
Até o momento, o Ceará não possui casos confirmados ou suspeitos de intoxicação por metanol. No entanto, o estado chegou a investigar notificações em municípios como Quixeramobim, Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Aquiraz, Juazeiro do Norte e Fortaleza, todas posteriormente descartadas após laudos da Perícia Forense do Ceará (Pefoce).
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou que segue monitorando a situação e mantém articulação com o Ministério da Saúde e os Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). A pasta reforçou a importância da notificação imediata de casos suspeitos e da detecção precoce, além do tratamento rápido para salvar vidas.