20/09/2022 às 07h27Atualizada em 14/06/2023 às 13h23
Por: Thiago Rodrigues
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Estando a 12 dias das Eleições Gerais de 2022, em que serão renovados os cargos de Presidente da República, Governadores, Deputados Federais e Estaduais e, ainda, uma vaga de Senador em cada Estado, as pesquisas de opinião apontam, ao menos em relação aos cargos Majoritários, um forte desejo de mudança.
Ainda que discutível se tais indicativos se confirmarão nas urnas, o fato é que precisamos refletir sobre qual mudança queremos (ou, ao menos, esperamos) para o futuro do País.
Começo esta análise falando da disputa pela chefia do Poder Executivo Federal em que, pela primeira vez na história, teremos um ex-Presidente concorrendo novamente ao cargo. Lula (PT), que ressurgiu depois da anulação de suas condenações, volta à cena trazendo consigo um legítimo representante do tucanato, Geraldo Alckmin, agora filiado ao PSB.
A relação de amor e ódio entre PT e PSDB é antiga e está presente na história política brasileira antes, durante e após a redemocratização e deixa no mínimo a desconfiança sobre se representa, de fato, uma mudança. Visivelmente magoado pelo que sofreu no cárcere, com um discurso agressivo (embora pouco convincente) e tendo de conviver com as graves acusações ao governo de sua sucessora no cargo (Dilma Roussef), o ex-Presidente ainda acredita na força da militância e do voto do povo nordestino.
Outro postulante é Ciro Gomes, velho conhecido do eleitorado brasileiro e que, mais uma vez, tem seu nome associado à mudança. Acontece que, como nas vezes anteriores, Ciro padece com erros de estratégia política, como os fortes ataques a Lula, os quais podem minar suas possibilidades de avanço nas pesquisas, único fato capaz, a esta altura, de credenciá-lo na disputa. Tem a seu lado, nos levantamentos realizados até agora, Simone Tebet (MDB) que, com críticas fortes a Bolsonaro, parece ter se tornado mesmo vítima da indecisão de seu partido, pois o lançamento tardio de seu nome fez com que perdesse palanque em colégios eleitorais decisivos, como São Paulo, Minas Gerais e Estados do Nordeste.
Agora, mirando no nosso reduto, temos um desenho curioso na disputa pela chefia do Executivo Estadual. Pela primeira vez desde a redemocratização, Tasso Jereissati perdeu protagonismo eleitoral e a própria liderança de seu partido, o PSDB. Seus aliados históricos, o clã Ferreira Gomes se vê em apuros diante do rompimento com seu grande aliado em tempos recentes, o PT. A guerra declarada de Ciro a Lula fez ressurgir o petismo cearense, que, tendo em Camilo Santana seu grande expoente, está credenciando Elmano Freitas, com apoio do MDB, a um possível 2º turno.
Roberto Cláudio (PDT), o nome de Ciro, derrotou Izolda Cela, atual governadora, nas prévias partidárias, mas, assim como seu padrinho, sofre com o desgaste dos ataques ao PT e ao próprio governo do Estado que, até dias atrás, era “seu” também. Seus apoiadores esperavam que, a essa altura, RC estivesse liderando as pesquisas, fato que não se confirmou.
Ambos, por sua vez, centralizam seus ataques em Capitão Wagner, que, a despeito disso, adota um discurso mais sereno que anteriormente e se mantém firme na liderança das pesquisas e na ideia de mudança. Claro que surfa na cisão entre PT e PDT, para a qual sequer contribuiu e da qual pode, inclusive, tirar proveito numa disputa no 2º turno, caso se confirme.
O eleitor que deseja mudança deve, portanto, analisar com cuidado os protagonistas das chapas, sem perder de vista, também, o impacto (ou não) que os candidatos a vice representam nessas postulações. Afinal, são estes, os nomes (e não os partidos), que de fato importam, pois as ideologias, os projetos e até mesmo os anseios de todos são praticamente iguais, pois quem vai esperar ou querer o pior para o País ou o Estado?
As alianças que se constroem agora, com raras exceções, se manterão por quatro anos e mesmo nos casos excepcionais mais recentes da história, o golpe estava claramente dentro do previsto e só não viu quem não quis enxergar.
Então, que mudança você vai querer em 2 de outubro?
THYAGO DONATTOé advogado e radialista. Foi assessor parlamentar, consultor jurídico e Conselheiro da OAB/CE.
*Esse texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do A Voz de Santa Quitéria.