Após quase dois meses da detecção de urânio em amostras de água de poços no distrito de Trapiá, em Santa Quitéria, novas informações que tentem rastrear a sua origem ou possível impacto na saúde dos moradores ainda não foram divulgadas pelas autoridades de saúde. Sem respostas, o assunto também esfriou no meio da própria população, que não demonstra preocupação ou possível temor.
A época da descoberta, Trapiá esteve no centro da repercussão estadual e também nacional, o que levou o próprio governador Elmano de Freitas a determinar medidas emergenciais. Os poços onde foram encontrados, que não eram utilizados para abastecimento humano, desde então seguem interditados. O Governo solicitou estudos mais precisos, com colaboração de trabalho junto ao Ministério da Saúde.
Enquanto técnicos da SESA e do Ministério faziam análises e exames, foi acelerada e inaugurada a obra da adutora de água potável, vinda do açude Araras. A pasta chegou, inclusive, a anunciar um plano de amostragem mais completo que contemplaria todo o município de Santa Quitéria para inspecionar a qualidade da água que chega aos quiterienses, cujo processo seria conduzido pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e Instituto Evandro Chagas (IEC).
De lá pra cá, ainda não foram esclarecidas as principais alegações, como por exemplo: onde o urânio surgiu, qual o grau de contaminação que o distrito esteve exposto, dentre outros. A Voz de Santa Quitéria ouviu algumas pessoas de Trapiá, que se mostraram tranquilas e despreocupadas diferente do alarde inicial, apesar da falta de respostas.
A reportagem também procurou a Secretaria de Saúde do Estado, que informou que os resultados ainda não foram concluídos e não há previsão. A Associação dos Moradores, presidida por Júlia Pinto, também relatou que nenhuma novidade foi repassada neste período.
Em nota, o Ministério informou que durante um levantamento para identificar possíveis adoecimentos crônicos na comunidade, foram realizadas entrevistas com 241 pessoas, e dessas 118 pessoas (49%) relataram ter consumido, no último ano, água proveniente do dessalinizador comunitário ou da rede de abastecimento. E destas, 67 pessoas declararam ter recebido diagnóstico de doenças crônicas. “No entanto, tais doenças possuem múltiplos fatores de risco e não estão diretamente associadas à exposição crônica ao urânio”, finaliza.