Entenda o caso
O caso começou em 2024, quando Karla acusou o deputado Sergio Gutiérrez Luna, atual presidente da Câmara dos Deputados e integrante do Morena, partido da presidente de esquerda Claudia Sheinbaum, de nepotismo.
A suposta beneficiada seria a esposa do parlamentar, Diana Karina Barreras, então candidata a deputada. Embora não tenha sido mencionada nominalmente na postagem, Barreras processou Karla.
Para o tribunal, a publicação “afetou” o desempenho profissional de Barreras ao colocá-la em posição de “subordinação a uma figura masculina, minimizando suas capacidades e trajetória”. A defesa de Karla alegou que a crítica se restringia ao deputado, mas os magistrados rejeitaram o argumento.
Casal passou a ser alvo público
Além das desculpas, Karla foi multada e terá o nome listado até 2027 como “pessoa sancionada por violência política de gênero”.
A medida, no entanto, pode ter surtido efeito contrário: desde a condenação, o casal político passou a ser alvo de uma nova onda de críticas online, com postagens que destacam supostos sinais de vida luxuosa.
“Sou uma cidadã comum, que usa suas redes para opinar, se divertir e se informar. Não tenho poder para mudar a política no México, nem essa era a intenção”, disse Karla, criticando o uso de recursos públicos para processá-la.
Sheinbaum classifica punição como “excesso”
A própria presidente Claudia Sheinbaum classificou a punição como um “excesso” e afirmou que “o poder é humildade, não soberba”. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também alertou para uma “preocupante tendência” de novas formas de censura judicial e legislativa no México.
Karla pretende recorrer a instâncias internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos, alegando ter sido vítima de restrição desproporcional à liberdade de expressão.