Em setembro, o Ceará registrou 3.699 ocorrências de incêndios, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). O mês abre as portas do “BR-O-BRÓ”, que segue em outubro, novembro e dezembro. Período é marcado por calor e tempo seco, condições naturais que podem agravar incêndios.
Nos primeiros nove dias de outubro, até essa quinta-feira, 9, 396 casos constam no acompanhamento dos bombeiros. Segundo balanço da corporação, setembro de 2024 teve 4.102 ocorrências de incêndios. Em 2023, foram 4.333 casos do tipo.
O capitão do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) e ex-colunista do O POVO, Romário Fernandes explica que os municípios de Fortaleza, Sobral, Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte sempre apresentam mais casos porque são as maiores cidades e os incêndios são sempre ação humana.
"Todo incêndio de vegetação tem causas humanas. São pessoas que põem fogo na vegetação, normalmente, para limpar terreno ou para se livrar de lixo e acaba fugindo do controle, né? Então, não existe incêndio em vegetação de causas naturais. Aqui, os fatores naturais apenas potencializam. Aumentam as chances e a amplitude que a coisa pode tomar", detalha.
Municípios com mais ocorrências de incêndio em setembro
Em setembro, foram detectados 12 mil focos de calor no Estado. Frank Baima, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), explica que o monitoramento através dos focos de calor é uma estratégia utilizada para detectar onde a temperatura da superfície terrestre está elevada.
De 184 municípios, 179 tiveram registro. Os maiores registros foram em Aracati (1.177 focos), Sobral (635) e Forquilha (537). Conforme os dados da fundação, de 1º a 8 de outubro, foram 4.295.
Ele explica que o órgão emprega 11 satélites para a detecção de focos de calor. Dois são satélites geoestacionários, que realizam a leitura a cada 15 minutos. Outros nove são satélites de órbita polar, que passam sobre o território duas vezes por dia.
Baima detalha que o número de focos de calor detectado utilizando todos os satélites pode conter dados duplicados. "Isso ocorre porque o mesmo evento de queimada, acontecendo em um determinado local, pode ser detectado pelo satélite que passa à noite e, posteriormente, por outro satélite que passa em outro momento", explica.
Para realizar comparação e entender tendências, se utiliza um satélite de referência (o Aqua), que está em operação desde julho de 1998. Considerando o satélite de referência, foram 647 focos de calor em setembro no Ceará.
O mesmo mês somou 297 focos de calor em 2024 e 636 em 2023.
O meteorologista enfatiza que, embora as condições de tempo quente e seco intensifiquem a propagação do fogo, a principal causa dos incêndios é a ação antrópica, seja por práticas agropastoris que fogem ao controle ou por atos criminosos.