Em contraponto ao surgimento de mansões que formam o cenário de Santa Quitéria, especialmente o Centro, imóveis antigos - cada vez mais raros - rememoram os tempos áureos. Porém, sem que haja uma política de preservação desses bens, a cidade vai ficando sem referência arquitetônica do passado.
O novo e o antigo se contrapõem. Enquanto alguns prédios históricos permanecem preservados, ocupados por órgãos do governo municipal, outros seguem esquecidos no tempo, em avançado estado de degradação.
É o caso da Câmara de Vereadores, no Centro da cidade. Apesar do bem ser a casa do poder legislativo, a parte inferior do prédio segue abandonada, sem perspectiva de uso e/ou tombamento.
Muitas casas foram derrubadas para a construção de mansões modernas, basta uma visita pelo centro e a “rua de baixo”. Além do comércio, que foi expulsando as famílias para outros bairros.
Preservação
Considerando os equipamentos arquitetônicos, Santa Quitéria é uma cidade com pouco mais de 30 anos, apesar de ter completado 157 anos, praticamente tudo que a cidade tinha do século XIX e XX foi destruído.
Santa Quitéria é uma cidade do século XXI. Do ponto de vista arquitetônico, nós ficamos sem referência, a partir do momento em que aniquilamos uma época.
Falta conscientização da população e políticas públicas que visem preservar bens históricos, que representam a história da cidade. Quando você vai construir uma casa, faz primeiro o alicerce. O passado é o nosso alicerce (da cidade).
Santa Quitéria avessa à história e à memória
Santa Quitéria precisa fazer as pazes com o seu patrimônio ambiental. A preservação dos acervos de natureza e cultura na cidade, de forma integrada ao planejamento urbano e ao urbanismo, afigura-se como urgente tarefa a ser levada a cabo pelo poder público municipal com apoio da comunidade.
Em termos de política pública de preservação do patrimônio ambiental, cumpre identificar e documentar o que se considera relevante, o que detém valores históricos, culturais e ambientais.
Perdemos muitos dos nossos prédios antigos, que são demolidos impiedosamente, das áreas urbanas de valor histórico-cultural agregado que se degradam, das áreas verdes sumariamente suprimidas do mapa.
Cabe-nos defender o que restou e aproveitar o processo em curso de ampliação do patrimônio ambiental, pressentido conceitual, temporal, cronológica, geográfica e popularmente.
(Adaptado)
Nacélio Rodrigues é escritor socialista, articulista, estudante universitário e Professor.
Foto de Wallace Araújo, acesso em 25 de outubro de 2013.