Cid Gomes sempre foi um pilar da familia Ferreira Gomes na política cearense. Sua trajetória fala por si só. Sempre concluiu seus mandatos, seja como prefeito, deputado estadual, governador e agora como senador da República. Nunca demonstrou vaidades e ambições pessoais. Também procurou ao longo da vida pública dar luz a quem orbitava ao seu redor, a exemplo de Roberto Cláudio e Camilo Santana.
Na live do Ponto Poder, do Diário do Nordeste, Cid revelou que desde agosto do ano passado que o irmão Ciro Gomes não fala com ele. E foi taxativo em dizer que André Figueiredo rompeu o acordo.
O senador lamenta a briga interna do PDT Ceará e diz que embora pareça picuinha, se defende dizendo que os conflitos em jogo envolvem princípios. “Me sinto na obrigação de representar essa maioria”, pois, eles não aceitam essa posição revanchista e odienta que se estabeleceu no partido após as eleições do ano passado.
Cid Gomes pontua que o irmão Ciro Gomes tomou uma decisão de lançar um palanque puro no Ceará, essa posição romperia a aliança com o PT, portanto, naquele momento “me vi em uma verdadeira sinuca de bico, restando apenas duas alternativas, ou mergulhava, ou brigava com meu irmão, para não romper com Ciro preferi me afastar”, ressalta Cid.
O senador já previa uma vitória do PT no Ceará dada a conjuntura nacional, o que não esperava, segundo ele, é que passada as eleições, os ânimos fossem se acirrar ainda mais. Para Cid, os perdedores deviam fazer uma espécie de “mea-culpa”, para sua surpresa, após várias tentativas de diálogo, tanto com o irmão, quanto com o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, diligências foram frustradas, percebendo ali que a tarefa não seria tão fácil.
Cid afirmou ainda que pediu ao André para tentar pacificar o partido, fazendo um acordo para ficar na presidência até dezembro e depois devolver a presidência para ele, como forma de alcalmar os prefeitos que estavam sendo assediados por outras legendas e que precisavam de uma segurança para permancer no partido.
Segundo o senador, vários municípios foram visitados e foi iniciado um trabalho de pacificação da legenda. Mesmo com o trabalho em curso, os ânimos continuaram acirrados, até que na calada da noite tornaram o diretório do PDT Ceará inativo e naquele momento o acordo foi rompido. “André rompeu o acordo”, as narrativas ficam por conta de “uma desculpa tola de quem não quer aceitar a maioria”.
As narrativas a que o senador se refere, são as de que ele pretende fazer do PDT, um puxadinho do PT. Cid volta a se defender dizendo que nunca foi PT, na verdade, sua utopia é de que o PT apoie um candidato do PDT nas eleições do próximo ano. Para ele, os nomes devem ser discutidos no último momento, agora é hora de pensar em um projeto coletivo para Fortaleza, sem egoísmos e sem vaidades pessoais.
Na entrevista, Cid já não é o mesmo, não fala com a mesma convicção de antes, já acusa o cansaço dos golpes sofridos, mas, como um grande líder segue sua trajetória, tentando encontrar uma saída para uma luta quase inglória.
O caso do PDT Ceará continua sem solução, como diria o escritor e jornalista Nelson Rodrigues: “a dúvida é autora das insônias mais cruéis”.