Ciro é uma sumidade. Ninguém questiona sua inteligência e sua capacidade de argumentação. O ex-ministro e ex-governador cearense foi o precursor da família Ferreira Gomes no campo político e atuou como um bandeirante, na expansão do nome do estado e do sobrenome da família no desbravamento do Brasil.
Mas, o que impediu Ciro Gomes de ter ido mais longe na política brasileira? Sua grande força, acabou se transformado em uma maior fraqueza. A enorme capacidade de comunicação que o impulsionou no início da carreira, tem provocado dissabores no campo político e jurídico nos últimos anos.
Na última eleição, em um campo totalmente polarizado, Ciro tentou furar a bolha entre Lula e Bolsonaro e acabou ficando falando sozinho. Seus ataques constantes a Lula e Bolsonaro, deixaram ele isolado na disputa presidencial, ficando com pouco mais de 3% das intenções de voto no país. No Ceará, alcançou seu pior resultado, 6,80% dos votos e, por fim, na capital cearense obteve a terceira colocação, com pouco mais de 8%.
Ciro passou muitos anos se dedicando a política nacional, preocupado em entender o Brasil e perdeu o “time” da disputa paroquial que era feita pelo irmão Cid Gomes. As divergências internas levaram ao rompimento do PDT com o PT e a separação entre os dois irmãos.
O candidato de Ciro ao Governo do Ceará, o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, ficou em terceiro lugar na disputa e o PT venceu a eleição no primeiro turno. Ciro credencia o vexame a Camilo Santana, ministro da Educação, a quem vem fazendo ataques constantes.
Ciro chamou o atual ministro da Educação, Camilo Santana, de “maior traidor da história” e de “ditador”. Ele também afirmou que o petista estaria “destruindo as bandeiras ideológicas do PT, por preterir a deputada federal, Luizianne Lins, como pré-candidata da legenda petista à prefeitura de Fortaleza, além de ser o responsável pelo rompimento com o PDT no pleito passado na disputa para governador.
Ciro também tem enfrentado reações na mesma proporção dos ataques. O presidente do PT, Guilherme Sampaio diz que falta “autocrítica e humildade” ao ex-ministro Ciro Gomes. Sampaio questiona o uso do termo “ditador” contra Camilo, pois, segundo ele, enquanto Camilo fazia a defesa pela democracia, Ciro atuava na linha auxiliar do bolsonarismo em 2022.
Após ataques de Ciro a Camilo na região do Cariri, o deputado estadual, Fernando Santana, também chamou Ciro Gomes de figura “desqualificada” para atacar o ministro da Educação.
Por último, o ex-ministro resolveu atacar a senadora Janaína Farias, segunda suplente de Camilo Santana no Senado que assumiu a titularidade do cargo no início de abril. O pedetista disse que a senadora prestou serviços de “harém” para Camilo. As reações também foram imediatas de “misógino e machista”. A senadora diz que vai levar as ofensas à Justiça e processar Ciro.
As reações em defesa da senadora Janaína Farias partiram do PT, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, criticando o ato da fala de Ciro como machista, preconceituosa e violenta, dentre outras reações nas redes sociais e notas de repúdio.
E, afinal, a quem interessa os ataques de Ciro a Camilo? Quem sai fortalecido? aliados ou adversários do ex-ministro? Os envolvidos devem estar monitorando os últimos acontecimentos via pesquisas de opinião pública.
A julgar pelo resultado da última eleição, os ataques não foram nada favoráveis a Ciro Gomes.