Comecemos pelo óbvio. Evandro Leitão é o maior vencedor da eleição em Fortaleza. Foi seu jeito paciente e sua capacidade de diálogo, que uniu na reta final deste segundo turno a militância, o PT, Luizianne Lins, parte do PDT e agregou lideranças de várias correntes políticas, fortalecendo o bloco de Lula, Camilo e Elmano.
Mesmo com essa união de forças não foi uma eleição fácil. André Fernandes perde a prefeitura, mas saiu do pleito com o título de maior liderança do grupo de oposição no estado.
O time do PT de Evandro, Lula, Camilo, Elmano e Guimarães ganham um grande troféu, governar a quarta capital do país, a maior economia do Nordeste e a única prefeitura de capital do país que será governada pela legenda petista. Diante desse cenário positivo para Fortaleza e preocupante no campo nacional, o partido agora precisa fazer uma reavaliação interna e tentar unir ao invés de dividir.
Na oposição, Sarto e Wagner saem derrotados do processo e devem fazer um estudo de onde erraram em suas campanhas, que se quer os levaram ao segundo turno. O presidenciável Ciro Gomes, há tempos, vem declarando publicamente que não quer submeter seu nome ao julgamento do eleitor.
Já Roberto Cláudio, neste primeiro momento sofreu uma derrota, mas, com André Fernandes impossibilitado de concorrer ao Senado e a Governador, por conta da pouca idade, pode recorrer ao ex-prefeito, só o tempo dirá.
A eleição para prefeitura de Fortaleza gerou e vai continuar gerando novos desdobramentos para 2026, tanto para o Governo, quanto para o Senado. Elmano de Freitas tem o direito de concorrer a reeleição, principalmente agora com essa vitória na capital cearense. Assim, o partido passa a comandar a capital, o estado e ainda tem o presidente da República. E para o Senado? Quem seria o senador deste campo da esquerda? Cid Gomes, que tem o direito a reeleição, Chiquinho Feitosa, que há tempos reivindica essa vaga, ou o líder do governo Lula, José Guimarães?
Agora, seguindo uma outra linha de raciocínio, MDB e PSD saíram fortalecidos neste contexto nacional e são aliados governistas no cenário estadual, assim, nestas disputas para o Senado, é perfeitamente natural que surjam outros nomes na fila, como Domingos Filho e Eunício Oliveira. Este já comandou a presidência do Senado Federal e aquele, tem um filho deputado federal, uma filha vice-prefeita de Fortaleza e uma esposa prefeita de Tauá, também tem partido e credenciais.
Já no campo dessa nova direita que surge do desgaste do bolsonarismo, alinhando religião, conservadorismo e ideologia da prosperidade, surgem como opções para o Senado, Eduardo Girão, que tem direito à reeleição, Moses Rodrigues, pode ser uma opção, já que sai fortalecido pela vitória em Sobral e Capitão Wagner por ter uma fatia significativa do eleitorado na capital e interior, ou ainda o próprio Roberto Cláudio.
Todo mundo fala que é muito cedo para discutir 2026, contudo, os nomes vão surgindo de forma natural, levando-se em consideração os históricos políticos e os resultados alcançados nesta última eleição, além de seguirem, obviamente, uma linha de atuação no cenário nacional.
O panorama político do Ceará para 2026 certamente contará com André Fernandes, como representante dessa nova geração de políticos, que simbolizam um movimento novo de influenciadores que, misturam religião, conservadorismo e prosperidade, como uma alternativa ao bolsonarismo raiz, criando uma espécie de nova direita, menos extremista e mais moderada.
Já a esquerda em 2026, fortalecida com a vitória em Fortaleza contará agora com a força de Lula, Camilo, Elmano e Evandro, mas terá que ter muita habilidade para não rachar a base, a experiência deste ano foi vitoriosa, porém, traumática.
Quanto ao prêmio de maior perdedor desta eleição vai para o Inspetor Alberto, seus atos insanos custaram caro para direita cearense.