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O futuro do bolsonarismo no Ceará, após eleição em Fortaleza

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
13/12/2024 às 02h23
O futuro do bolsonarismo no Ceará, após eleição em Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Quando terminou a eleição municipal de Fortaleza, André Fernandes saiu do pleito como o grande nome da oposição no estado. Fortalecido como a principal liderança de oposição, o parlamentar se preocupou logo em fortalecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, gravando um vídeo ao seu lado com a legenda “2026 é logo ali”.

Pouco tempo depois deste vídeo explodiu a “Operação Contragolpe” que investiga ações de supostos crimes contra Lula, Alckmin e Moraes. Kids Pretos, envenenamento, prisão de oficiais de alta patente, punhal Verde Amarelo, são alguns dos ingredientes desta triste página da República brasileira que estamparam as principais páginas de jornas no país e no mundo.

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Depois desse episódio, a direita acabou saindo pela direita e recuou estrategicamente para repensar suas ações no Ceará.

Os parlamentares do PL na Assembleia Legislativa do Estado também enfrentam problemas com a Justiça Eleitoral, os quatro deputados da legenda travam uma batalha no Tribunal Superior Eleitoral, em um processo de cassação por fraude à cota de gênero que pode levar a perda do mandato dos parlamentares.

O Partido Liberal de quatro anos atrás já não é o mesmo no Ceará.

A grande dúvida após a eleição municipal de Fortaleza girava em torno do comportamento de André Fernandes, se ele conseguiria unir e liderar o bloco de oposição no estado, dado a condição eleitoral que o pleito de 2024 o credenciou.

Os principais aliados de André Fernandes no segundo turno das eleições municipais, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e o ex-deputado federal Capitão Wagner, aguardaram um pouco o posicionamento de André, talvez sonhassem em criar uma espécie de centro-direita distante do bolsonarismo raiz e antagônica ao petismo, para liderar a oposição no Ceará.

O vídeo de André Fernandes com Bolsonaro após a eleição em Fortaleza, jogou um balde de água fria nessa pretensão, demonstrou no primeiro ato que toda e qualquer posição de oposição no estado, no que depender de André passa pelas mãos do Messias, pode até não ter sido essa a intenção, mas, política também é feita de gestos.

Antes adversários, Roberto Cláudio e Capitão Wagner se aproximaram neste pleito municipal de Fortaleza e andaram ensaiando uma possível união, ambos tem idade para disputar uma vaga tanto ao Senado quanto ao Governo do Estado, ao contrário de André que a Constituição o impede de disputar esses cargos.

Assim, o futuro do bolsonarismo no Ceará ainda segue incerto, já que Jair Bolsonaro continua inelegível e com poucas possiblidades de reverter essa situação no Supremo Tribunal Federal, principalmente agora depois da operação contragolpe.

Dentro desse contexto, André Fernandes apoiaria Roberto Cláudio ou Capitão Wagner nessa empreitada?

Roberto Cláudio não tem perfil de bolsonarista raiz, Capitão Wagner já se descolocou da imagem de Capitão lá e Capitão cá. Carmelo Neto e André Fernandes ainda são muito jovens para voos mais altos na política do estado devido a lei eleitoral. Eduardo Girão teria capital político para encarar uma disputa ao governo?

E o mais importante, para onde vai André Fernandes? A direita raiz partiria isolada do centro? Reafirmando o que disse anteriormente no texto, a política é feita de gestos e André Fernandes ainda não fez nenhuma sinalização de entregar seu capital político para nenhum componente da corrente de centro ou centro direita.