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Retrospectiva: As rupturas políticas no Ceará que reverberaram em 2024

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
01/01/2025 às 02h52
Retrospectiva: As rupturas políticas no Ceará que reverberaram em 2024
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Elmano sequer era cotado para ser candidato ao Governo do Estado em 2022. A base governista de Camilo Santana queria a reeleição de Izolda Cela que estava no comando do Executivo do Estado naquele ano. O PDT reivindicava o cargo e queria Roberto Cláudio como candidato. O impasse na escolha dos nomes levou a ruptura da aliança política do PT com o PDT e ao rompimento dos irmãos Ciro e Cid Gomes. De lá pra cá muita coisa mudou, mas, os efeitos políticos continuaram reverberando até 2024.

O racha político do PT com PDT levou Elmano de Freitas ao Governo do Estado, Camilo foi eleito senador da República e virou ministro da Educação. O rompimento entre os partidos também gerou uma cisão no PDT, as acusações e trocas de farpas entre as lideranças políticas da legenda repercutiram na imprensa estadual e nacional em 2023 e foi parar na Justiça a briga pelo comando da sigla pedetista. O ano de 2024 ainda é um reflexo dos desdobramentos do que aconteceu no fim de 2022.

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Os irmãos Ciro e Cid Gomes também seguiram caminhos diferentes com a ruptura do PT com o PDT. Ciro saiu em defesa de Roberto Cláudio, Cid se isolou do pleito naquela eleição de governador para não confrontar o irmão. Camilo, Elmano e o PT se fortaleceram no tabuleiro político, enquanto o PDT rachava de vez. Cid foi para o PSB, levou dezenas de prefeitos e vereadores, enquanto os deputados estaduais e federais pedetistas aguardavam decisão judicial para o desembarque total do partido fundado por Brizola.

O alongamento das consequências das rupturas políticas de 2022 ainda tinha mais um capítulo pela frente, a eleição para prefeitura de Fortaleza. Cid ainda levantou a voz sobre a concentração de poder nas mãos de um único partido, ponderando que a partilha de poder fortalecia o projeto em curso no estado, iniciado por ele em seu primeiro mandato de governador. Entretanto, o PT que já estava com o comando nas esferas federal e estadual, também reivindicou à prefeitura de Fortaleza.

Aqui entra em cena uma nova personagem, Luizianne Lins. Ela postula a condição de candidata do Partido dos Trabalhadores, já que havia fortalecido a legenda nas horas mais difíceis e agora que a sigla vivia seu melhor momento não poderia abdicar desse direito. Luizianne foi vencida pela conjuntura político- partidária. Evandro foi para o PT, saiu candidato e venceu as eleições. A legenda sai do pleito mais fortalecida, ampliando ainda mais a fatia de poder.

A direita no estado, que lidera o bloco de oposição, também rachou em 2024, saiu com três candidaturas para prefeitura de Fortaleza no primeiro turno. Só André Fernandes sobreviveu à disputa, com uma força surpreendente, mas, a união veio tarde demais e não conseguiram eleger o prefeito da capital cearense.

A polarização em 2024 não foi o fator decisivo no resultado das eleições, tendo em vista que as rupturas de 2022 e suas consequências ainda seguem em curso, em uma espécie de arrumação sem fim, com seus freios e contrapesos próprios, na busca por uma acomodação definitiva de lideranças e de partidos.

A classe política segue a mesma lógica do futebol em fim de temporada, todo mundo sabe quem se fortaleceu e quem saiu em baixa no mercado. O ano de 2025 é um ano de novos ajustes e muito trabalho, o campeonato começa para valer em 2026.

As rupturas foram favoráveis para uns e tiverem consequências desastrosas para outros. Mas, fica uma lição para todos, reino dividido não subsistirá.