
Conheci o Pedro Calisto quando era vereador de oposição ao grupo político do ex-prefeito Chico Timbó. O ano era 2003 e Pedro naquela época já era cotado para disputar a Prefeitura de Tamboril.
Pedro foi um dos primeiros a abrir mão da candidatura para apoiar o hoje deputado estadual Jeová Mota, que viria no ano seguinte, 2004, vencer às eleições para prefeitura de Tamboril por 17 votos, contra o candidato dos Timbó, Roque Pinto, do PSDB.
Presenciei uma conversa de bastidores, em que Pedro Calisto pedia para retirar seu nome das pesquisas eleitorais como candidato a prefeito. “Eu sou candidato a vereador. Se vocês colocarem meu nome como candidato a prefeito, os meus eleitores podem imaginar que isso é real e começam a procurar um outro candidato a vereador, e quem acaba prejudicado sou eu. Portanto, não façam isso. O candidato é o Jeová, o único que tem condições de vencer as eleições em Tamboril”, disse ele.
A previsão de Pedro se confirmaria em 2004, em uma das eleições mais acirradas de Tamboril de todos os tempos. Jeová Mota foi eleito prefeito para seu primeiro mandato pelo PPS, e Pedro Calisto foi o segundo vereador mais bem votado daquela eleição, com 1.088 votos, pelo PTB. O vereador mais votado naquele pleito foi Silvio Cid, da base governista, com 1.345 votos.
Pedro ajudou Jeová Mota a governar no primeiro mandato e depois virou presidente da Câmara de Tamboril. Durante os primeiros quatro anos da gestão de Jeová, pairou no ar uma narrativa de que a oposição só vencera as eleições porque o candidato era o Roque; com Chico Timbó como candidato, o resultado seria bem diferente. Pedro fazia o contraponto dessa narrativa dizendo que agora a diferença de votos seria muito maior, como de fato aumentou, saindo de 17 para 2.294 votos de maioria.
Naquele pleito eleitoral de 2008, Pedro Calisto foi o vereador mais votado do município, com 1.470 votos, fato que credenciou Pedro à candidatura a prefeito do município.
Em 2012, Pedro rompeu com a base governista para ser candidato a prefeito pelo bloco de oposição, pelo MDB. Não foi eleito, mas ficou com 46,67% dos votos, perdendo a eleição para Ramiro Júnior (PSB), este, por sua vez, apoiado pelo agora deputado estadual Jeová Mota. Pedro voltou a disputar o pleito para prefeito em 2016 e venceu Ramiro Júnior, que disputava à sua reeleição, com uma diferença de 218 votos.
Em 2020, detentor do mandato, Pedro foi para reeleição e perdeu para o atual prefeito Marcelo Mota. Em 2024, ele não concorreu a prefeitura, disputou apenas o mandato de vereador, mas não foi eleito.
A carreira política de Pedro Calisto foi interrompida tragicamente, aos 65 anos, nesta quinta-feira (13/11), após a caminhonete que dirigia colidir frontalmente com um caminhão na CE-187, no trecho entre Crateús e o distrito de Sucesso.
Como se vê, nas duas últimas décadas, Pedro Calisto teve um protagonismo político em Tamboril em todas as eleições disputadas no município; seja como prefeito, vereador ou apoiando algum candidato a deputado estadual, federal ou ao Governo do Estado.
Pedro Calisto foi um apaixonado pela política, deixa um legado de lealdade, amizade e amor ao município de Tamboril. Pedro partiu, mas deixa um exemplo de que a verdadeira vitória na política é servir com dignidade e permanecer na memória do povo.
Descanse em paz, Pedro!