
Um novo e importante capítulo da disputa interna na oposição cearense: o senador Eduardo Girão decidiu lançar sua pré-candidatura ao Palácio da Abolição no próximo dia 30 de novembro, em Fortaleza.
A iniciativa não é apenas uma reação pessoal de Girão à entrada de Ciro Gomes na corrida eleitoral. O movimento faz parte de uma estratégia mais ampla, integrada ao ambiente político nacional, especialmente ao que ele chama de “bolsonarismo raiz”.
Assim como Girão no Ceará, Flávio Bolsonaro se articula nos bastidores para lançar sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. O gesto tem o apoio direto do irmão, Eduardo Bolsonaro, que já manifestou disposição de enfrentar Tarcísio de Freitas caso o governador de São Paulo tente herdar o espaço eleitoral da família.
O objetivo é claro: barrar um movimento que anseia uma candidatura presidencial de direita que conte com o apoio de bolsonarismo, mas sem a presença de Bolsonaro no centro do debate. Nesse cenário, Flávio Bolsonaro quer defender o espólio político da família e o capital eleitoral construído por seu pai, sem “entregar de bandeja” ao Centrão a liderança do núcleo familiar.
Esse movimento que se observa tanto no Ceará quanto no plano nacional se sustenta em dois pilares: evitar que o patrimônio político do bolsonarismo seja apropriado pelo Centrão, retirando o controle da narrativa das mãos da família Bolsonaro; Vencer e não levar; expressão usada por aliados para definir o temor de que, ainda que um candidato apoiado pela direita vença, não governe com a pauta e os valores do bolsonarismo.
Dentro dessa lógica, Eduardo Girão não aceita a pré-candidatura de Ciro Gomes, que tenta se reposicionar no tabuleiro político estadual. Girão avalia que, caso não se movimente agora, o Ceará corre o risco de ver o bolsonarismo ser absorvido por arranjos partidários que neutralizem sua força.
Por isso, o senador prepara seu ato político para o dia 30, apresentando-se como o verdadeiro representante do conservadorismo cearense e buscando evitar que o espaço seja ocupado por atores que ele considera “alheios ao bolsonarismo autêntico”.
A movimentação simultânea de Flávio, Eduardo e Girão evidencia que o bolsonarismo está se reorganizando para impedir que outros grupos tomem a dianteira; seja no âmbito nacional ou nas eleições estaduais.
O jogo começou mais cedo do que muitos imaginavam, e Girão já se posiciona para ser o nome que manterá viva a chama do bolsonarismo raiz no Ceará.