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O último refúgio de Ciro seria uma candidatura ao Palácio da Abolição

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
06/11/2025 às 15h01
O último refúgio de Ciro seria uma candidatura ao Palácio da Abolição
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Ciro é o único nome competitivo da oposição, por um motivo óbvio: ele é o único pré-candidato que entra no capital eleitoral do interior cearense sem precisar de prefeito, vice-prefeito ou vereador. O recall de quatro candidaturas à Presidência da República já lhe assegura um percentual considerável na disputa contra o governo petista de Elmano de Freitas, ou contra qualquer outro nome. Isso não alteraria em nada a sua fatia no eleitorado cearense, que ocorre muito mais por conta de suas posições políticas do que propriamente pela atuação direta no estado.

Ciro foi para o PSDB por duas razões. Uma, pela amizade com Tasso Jereissati, o que não resta a menor dúvida. A outra, por cálculo estratégico de permanecer no cenário nacional. No União Progressista, ele teria que bater de frente com duas lideranças fortes: Ronaldo Caiado, que busca se firmar como candidato a presidente, e Ciro Nogueira, que almeja uma vice na chapa de Tarcísio de Freitas ou de outra candidatura da direita. Seria um páreo duro, dado o peso e a estrutura partidária dos dois.

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Já o cálculo da escolha para o PSDB é simples. O partido está em baixa no cenário nacional, e o nome de maior envergadura segue sendo o de Aécio Neves, mas com pouca projeção nacional, por motivos que dispensam detalhamento. Ciro, portanto, enxerga no PSDB um abrigo estratégico, onde pode respirar politicamente, reorganizar seu entorno e manter-se como um ativo eleitoral de relevância, à espera de uma nova conjuntura que o favoreça.

O ex-ministro e ex-presidenciável ainda alimenta o sonho de permanecer no cenário nacional, seja como candidato do PSDB, seja como possível vice em uma chapa do União Brasil. Daí sua aproximação com Antônio Rueda, presidente da federação. A filiação de Roberto Cláudio também une o útil ao agradável. Essa movimentação mostra que, apesar do desgaste eleitoral da campanha passada, Ciro ainda sabe jogar o jogo com frieza e cálculo.

Caso o plano nacional não avance, o governo do estado se apresenta como uma alternativa natural. Hoje, não há mais impedimentos partidários, ideológicos ou de convivência que inviabilizem essa possibilidade. As farpas e declarações do passado ficaram para trás, substituídas por uma convergência pragmática de interesses.

Capitão Wagner, que deve disputar uma vaga de deputado federal, já afirmou que Roberto Cláudio pode ser “candidato ao que quiser”. O PL de André Fernandes tem suas limitações, sobretudo pela idade da principal liderança da sigla, que deseja o pai como pré-candidato ao Senado. Priscila Costa poderia ocupar a outra vaga e, nesse arranjo, Eduardo Girão seria naturalmente rifado.

Diante desse cenário, se o projeto nacional de Ciro fracassar, não será surpresa vê-lo novamente no páreo estadual, como candidato ao Palácio da Abolição, com Roberto Cláudio em uma possível vice e as duas vagas ao Senado destinadas ao PL. Esse seria o refúgio ideal para Ciro, hipótese plausível e que não deve ser ignorada, nem pela oposição, nem pela base governista.

Caso esse cenário de candidatura estadual de Ciro se concretize, resta a ele a glória do recomeço, ou o fim do protagonismo político de uma liderança nacional no mesmo estado que o projetou.