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As lições de vida de Fernanda Torres e Demi Moore após serem premiadas no Globo de Ouro

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
06/01/2025 às 23h08
As lições de vida de Fernanda Torres e Demi Moore após serem premiadas no Globo de Ouro
Foto: Reprodução

Na noite deste domingo, 5 de janeiro, revivemos os nossos domingos de Fórmula 1, estufar o peito e soltar o grito de “é do Brasil, é do Brasil é do Brasil”, ecoando a voz de Galvão Bueno nas narrações das vitórias históricas de Airton Senna nos circuitos mundiais do automobilismo.

Esse sentimento de ufania veio a tona com a conquista histórica de Fernanda Torres como a primeira brasileira a triunfar com uma estatueta do Globo de Ouro entre as maiores estrelas do cinema mundial.

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Tenho uma história com filmes, atores e atrizes premiados, sempre gostei de assistir aos filmes que ganham o Oscar, não por desmerecer os demais, mas, porque eles tem um detalhe, algo que os diferencia das demais produções. Isso começou em 1999, quando assisti Central do Brasil, uma produção também de Walter Salles. Naquele período, sinceramente, acreditava que o filme iria levar o Oscar. Talvez pela familiaridade do cenário, pela identificação dos personagens e da vida nordestina tão bem retratada naquela obra cinematográfica.

Um belo dia ouvia a análise do crítico de cinema Rubens Ewald Filho sobre o favorito para levar a estatueta do Oscar em 1999 e ele dizia em letras garrafais que o Brasil não tinha a menor chance naquele ano. Fiquei indignado. Ele apontava a “Vida é Bela” de Roberto Benigni como o grande favorito e que de fato acabou vencendo o prêmio de melhor filhe naquele ano. Quando assisti a Vida é bela, passei a respeitar os críticos de cinema, e me convenci de que os detalhes realmente fazem a diferença.

Na noite deste domingo me senti duplamente realizado com a conquista do Globo de Ouro de Fernanda Torres, foi uma espécie de vingança de 1999 e por ela ser filha de Fernanda Montenegro que também merecia aquele prêmio. Sou admirador do trabalho da Fernanda Torres na TV, no cinema e principalmente de seus artigos na Folha.

Também gosto muito de ouvir o que dizem os vencedores no calor da emoção após uma conquista, eles são genuínos e inspiradores. Demi Morre, que venceu a premiação de melhor atriz em filme de comédia/musical, ao receber o prêmio, disse que estava na carreira há 45 anos e só agora estava recebendo um prêmio como atriz, ressaltou que não vivia um bom momento quando o roteiro de “A Substância” chegou em suas mãos, já que estava quase aceitando que realmente não seria reconhecida na sua profissão, mas, mesmo assim, foi lá e fez. A atriz confessou que o universo ainda sinalizava para ela que algo ainda podia ser feito.

Fernanda Torres persistiu no caminho da mãe e, de certa forma, o universo também sinalizava para ela que ainda era possível, aquela história não poderia terminar daquela maneira, assim como na arte aquele roteiro de 1999, precisava ser reescrito. Depois de 25 anos ela estava ali, sentindo-se premiada duplamente, por ela e por sua mãe, Fernanda Montenegro. Depois das devidas dedicatórias ela diz que o filme nos ajuda a pensar em como sobreviver em tempos difíceis, assim como Eunice Paiva que foi obrigada a seguir em frente, ser forte, mesmo diante de tantas adversidades.

Demi Morre levou 45 anos para ter seu trabalho reconhecido na indústria do cinema, Fernanda Torres esperou 25 anos para honrar a mãe com um prêmio que ambas mereciam.

Não existe vida fácil, todos têm que trabalhar duro para alcançar os seus sonhos, insistir, persistir, não desistir e seguir o destino, a natureza é caprichosa. Como diria o velho Rei de Salém, de o Alquimista de Paulo Coelho. “Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize o seu desejo”.