A crise que tomou conta do PDT no Ceará parece interminável e apresenta um novo cenário de divisão interna que pode redefinir os rumos do partido no estado. A recente visita do presidente nacional licenciado da sigla, Carlos Lupi, e do presidente em exercício, deputado federal André Figueiredo, escancarou um cenário de desalinhamento entre a cúpula nacional e as lideranças locais.
O encontro, marcado por um almoço com a bancada estadual e lideranças pedetistas, deixou transparecer que a relação entre Lupi e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, está longe de uma sintonia.
O ponto central do embate reside na estratégia política para o futuro. Carlos Lupi defende, de forma enfática, que o PDT não deve estabelecer alianças com a direita, seguindo uma diretriz estatutária da legenda e que ele considera inegociável. Lupi reafirma o compromisso histórico da sigla com valores progressistas e critica abertamente o apoio de Roberto Cláudio ao candidato bolsonarista André Fernandes no segundo turno da eleição municipal de Fortaleza em 2024.
Por outro lado, Roberto Cláudio tem traçado um caminho diferente, aproximando-se de lideranças opositoras ao PT no Ceará, como Carmelo Neto (PL) e Capitão Wagner (União Brasil). Para ele, o PDT deve manter o bloco de oposição ao governo petista no estado, alegando que as divergências políticas podem coexistir dentro da mesma aliança. Essa postura contraria a visão da direção nacional do partido e “sugere” que a permanência de Roberto Cláudio no PDT pode se tornar insustentável caso ele insista nesse alinhamento com a direita.
A fala de Lupi sobre não condenar Roberto Cláudio definitivamente pelo seu posicionamento pode ser interpretada como um convite para uma reaproximação com o histórico da legenda, mas o ex-prefeito parece decidido a seguir em outra direção. A consequência natural desse cenário é a fragmentação do PDT no Ceará, o que pode levar a uma nova debandada de lideranças e a um novo rearranjo político no estado.
O descontentamento com o encontro ficou evidente nas redes sociais, até a conclusão deste artigo, Roberto Cláudio e aliados não fizeram publicações sobre a reunião das lideranças pedetistas, somente o ex-prefeito José Sarto fez menção ao evento, “conversamos sobre os próximos passos do PDT no Ceará e nossos objetivos para 2026”.
Se há uma certeza neste cenário, é que o PDT está longe de uma unidade. As divergências internas apontam para uma reconfiguração do partido no Ceará e, o desenrolar dos próximos meses será determinante para entender qual será o destino de Roberto Cláudio e seus aliados, se permanecem ou deixam o PDT.
Assim, o almoço que deveria ser um ponto de convergência e reaproximação das lideranças pedetistas após a eleição para prefeito de Fortaleza, acabou servindo um prato indigesto para a sigla, que agora precisa decidir entre manter a coerência ideológica ou ceder a alianças pragmáticas.