Neste feriado prolongado reli uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, concedida ao jornal O Globo no final do segundo mandato de Lula.
FHC dizia que “não tem soluções simplistas para os grandes problemas”. Concordo com ele. Obter convergência para o Senado no Ceará em um cenário em que se apresenta quase uma dezena de nomes para apenas duas vagas, não é uma equação tão simples assim, dado o emaranhado de interesses do bloco partidário e de aliados governistas.
Embora alguns vejam que o número ampliado de postulantes ao Senado como uma demonstração de força da base, pode vir a se tornar um desafio complexo durante o ano eleitoral. Elmano terá que ter paciência e habilidade para mediar essas divergências e tomar partido quando necessário.
O triunvirato contemporâneo—.Camilo, Elmano e Evandro—. tem sinalizado publicamente sintonia em torno de decisões estratégicas, em alinhamento direto com o presidente Lula.
A política tem seus caprichos e, assim como na vida, tem seus imprevistos. Camilo, Elmano e Evandro tem como prioridade a reeleição do presidente Lula, já declarada em várias ocasiões—.não há plano B. Com isso, as escolhas para as duas vagas ao Senado pelo Ceará devem passar não apenas pelo aval do triunvirato, mas também pelas bênçãos do presidente da República.
Vale lembrar que as candidaturas ao Senado são majoritárias e não proporcionais, tornando o cenário estadual, mais imbricado a lógica nacional. Diante do papel que o Senado exerce na estabilidade do Executivo e na interlocução com o Judiciário, Lula tem dedicado atenção redobrada à composição da Casa em 2026.
Assim, como no mundo digital, a política também vive conectada. Lula enxerga em Bolsonaro uma movimentação estratégica parecida com a que ele usou em 2018 ao lançar Fernando Haddad —mesmo sabendo que não sairia candidato, se manteve ativo no jogo político —.Agora, com Bolsonaro inelegível, mas ainda se dizendo “pré-candidato”, abre-se um dilema: Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho Júnior, principais nomes da direita, terão que renunciar aos seus mandatos em abril, sem garantias plenas de viabilidade eleitoral.
Esse quadro de incerteza política amplia a margem de articulação do presidente Lula para construir alianças com partidos de centro-direita, abrindo espaços para negociações de vagas para o Senado que podem impactar diretamente nas disputas em diversos estados da federação.
Como se vê, esse xadrez político não é tão simples quanto se imagina. Não basta ter uma quantidade de bons nomes, de lideranças influentes apontando este ou aquele pré-candidato, depende de uma conjuntura mais ampla, em que é preciso levar em consideração o equilíbrio nacional.
As futuras alianças de Lula, somadas à força do triunvirato; Camilo, Elmano e Evandro, devem ser decisivas para definir as duas vagas ao Senado da base governista.
FHC, ao deixar a presidência e embarcar para Paris, foi questionado sobre seus planos para o pós-governo. O sociólogo respondeu que pretendia reler Maquiavel — em busca de compreender melhor a distância entre a teoria e a prática na política.
A teoria, de fato, é bela. Mas, na prática, os caminhos para o Senado tem seus próprios caprichos.