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As motivações de Ciro Gomes para uma possível candidatura ao Palácio da Abolição

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
21/08/2025 às 14h22
As motivações de Ciro Gomes para uma possível candidatura ao Palácio da Abolição

No encontro realizado em Brasília para oficializar a Federação União Progressista, o ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes parecia à vontade. Sentou-se à mesa principal e discursou diante de governadores, senadores, ministros, deputados federais e dirigentes partidários de todo o país. “Aqui é meu lugar”, deve ter pensado Ciro.

É inegável a identificação de Ciro com a política nacional, mas o que motivaria o ex-ministro a disputar uma eventual candidatura ao governo do Ceará?

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Ouso aqui a levantar três hipóteses que ajudam a explicar a revolta de Ciro com o PT, que o levaria a abandonar o sonho de ser presidente da República para mirar o Palácio da Abolição em 2026.

Uma das hipóteses que justifique esse ressentimento de Ciro com o PT, remonta o ano de 2009, quando ele estava bem situado nas pesquisas eleitorais para uma eventual candidatura à presidência da República, superando os dois dígitos naquela época. Filiado ao PSB, aliado histórico do Partido dos Trabalhadores, Ciro foi convencido a transferir o título eleitoral para São Paulo para uma eventual candidatura ao governo naquele estado.

Aquela altura da vida pública, Ciro já havia disputado duas eleições presidenciais, estava bem cotado no cenário nacional da época, contudo, no pleito de 2010, acabou ficando de fora do processo eleitoral. Não disputou à presidência da República e muito menos o governo de São Paulo, ali, começou um acúmulo de mágoas do PT e do presidente Lula. Nos anos seguintes, o distanciamento se tornou visível, embora no Ceará a aliança política tenha sido mantida.

Esse ressentimento com o PT chegaria ao Ceará em 2022, com o rompimento da aliança entre PT e PDT. Ciro não aceitava a reeleição de Izolda, vista como próxima de Camilo Santana e queria o apoio para Roberto Cláudio, cuja candidatura era mais alinhada ao seu projeto político nacional. Ciro era um crítico ferrenho do PT e no seu estado tinha uma aliança histórica, isso causava um desconforto e gerava desconfiança na sua campanha. O impasse resultou na escolha de Elmano de Freitas, que venceu a eleição e permanece à frente do estado.

Em 2022, Ciro ficou atrás de Lula e Bolsonaro no Ceará, enquanto Camilo conquistou quase 70% dos votos para o Senado. Para Ciro, esse revés foi consequência direta da articulação de Camilo e de seu irmão Cid, que optaram por não apoiar diretamente sua candidatura presidencial nem a de Roberto Cláudio no estado.

Outra motivação vem de dentro de casa. Ciro ainda guarda um certo “ressentimento” do irmão Cid Gomes por ter se resguardado na Serra da Meruoca no primeiro momento da campanha de 2022, em que sua candidatura à presidência naufragava em meio a polarização entre Lula e Bolsonaro. Ciro acreditava que se vencesse pelo menos no seu estado, ainda teria sobrevida em nível nacional, o que não ocorreu.

Por isso, Lula, Camilo e Cid se transformam nas principais razões que poderiam levar Ciro a disputar o Palácio da Abolição em 2026. O ressentimento, no entanto, pode não ser o melhor conselheiro, ainda que o ex-ministro atribua ao trio a mais humilhante de suas derrotas eleitorais.

Em meio aos fatos e reflexões, Ciro caminha para definir seu destino partidário; PDT, PSDB ou União Brasil, mas não restam dúvidas quanto à sua motivação eleitoral. Quanto aos eleitores, resta a expectativa de que, independentemente das motivações pessoais ou partidárias, o pleito de 2026 seja marcado por um debate de alto nível, com propostas concretas capazes de melhorar a vida do povo cearense.