O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, veio ao Ceará para uma festa a fantasia, o Aviões Fantasy e acabou dando um verdadeiro baile de pragmatismo na política cearense.
Rueda é o presidente do União Brasil e deve presidir a Federação do União Progressista, ao lado do senador Ciro Nogueira, do Partido Progressista.
Recentemente ambos assinaram uma nota, anunciando o desembarque total do governo Lula, informando que todos os detentores de mandato deviam renunciar a qualquer função que ocupem no governo federal e em seus estados.
“Esta decisão representa um gesto de clareza e de coerência” diz um trecho da nota assinada por Rueda e Ciro Nogueira.
Clareza e coerência foi tudo que não ficou na passagem de Rueda pelo Ceará. Antes da festa a fantasia, se reuniu com a base governista, o deputado federal Moses Rodrigues e o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira. Depois da festa, esteve reunido na praça de alimentação do Aeroporto Pinto Martins com Capitão Wagner, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e os deputados estaduais, Claudio Pinho e Queiroz Filho.
Após os encontros, versões foram dadas para todos os gostos e de acordo com os interesses de cada bloco político. Contudo, foram tão duvidosas quanto “os olhos de ressaca de Capitu, a famosa dúvida de Machado de Assis que nos atormenta até os dias de hoje.
Governo e oposição querem a todo custo o apoio da Federação, por se tratar de um bloco que traz fundo partidário, tempo de rádio e televisão, além de forte representação no Congresso.
O progressista já integra a base governista no Ceará. O União Brasil por sua vez está divido: Fernanda Pessoa e Moses Rodrigues, defendem o governo petista de Elmano de Freitas, enquanto Danilo Forte e Dayany Bittencourt puxam a corda para o bloco de oposição. O deputado federal AJ Albuquerque é o fiel da balança dessa queda de braço para assumir o comando da federação no Ceará.
O governo quer Moses Rodrigues como pré-candidato ao Senado, seria uma achado para o governo, unir um nome leve com força política e partidária para chapa majoritária. A oposição quer Ciro ou Roberto Cláudio como candidato ao Governo do Ceará e Rueda quer deixar o tempo passar para ver onde melhor se encaixam os interesses da Federação.
Para entender melhor o pragmatismo de Rueda e do campo do centro político, basta olhar à sua volta e compreender as viradas de posição por parte de membros do “centrão”. Tarcísio de Freitas no último evento na Paulista deu uma virada de mesa no comportamento, abandou a moderação e aderiu ao radicalismo: “não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer” declarou. Tarcísio mostrou uma nova versão para defender os interesses de sua pré-candidatura à presidência com o apoio de Bolsonaro.
Assim caminha Rueda e o “centrão”, com um pragmatismo político sustentado como ninguém pelo ex-Secretário de Estado americano, Henry Kissinger, que defendia o realismo político:
“Não existem amigos ou inimigos permanentes, apenas interesses permanentes.”