Durante o período da Guerra Fria, os Estados Unidos e União Soviética mantinham forte rivalidade política, ideológica e militar, disputando influências em vários países ao redor do mundo.
A expressão o “teste do pato” ganhou notoriedade quando os Estados Unidos começou a suspeitar que a administração do presidente da Guatemala, Jacobo Árbenz, estava se inclinando ao comunismo, embora Árbenz negasse ligações formais com a União Soviética.
Foi nesse período que o embaixador dos EUA na Guatemala, Richard C. Patterson, soltou essa pérola: “parece com um pato, anda como um pato, grasna como um pato, então é um pato,” ou seja, a Guatemala estava mais inclinada aos Russos.
No Brasil vivemos um caso parecido no governo do ex-presidente Jair Bolsoanro. Ele afirmava reiteradamente “jogar dentro das quatro linhas” que respeitava a Constituição Federal e a democracia. No entanto, várias ações e declarações colocavam essa afirmação sob suspeita.
Bolsonaro convocava atos com faixas pedindo o fechamento do STF, defendendo intervenção militar, atacava sistematicamente o sistema eleitoral que o elegeu presidente democraticamente, além de campanha contundente contra as urnas eletrônicas, incentivando a desobediência civil, buscando desacreditar as instituições democráticas e, por fim, ainda não reconheceu a derrota nas eleições daquele ano.
Assim, mesmo que Bolsonaro demonstrasse total apreço pela democracia, suas ações o denunciavam como uma liderança que não respeita o legítimo processo democrático, traduzindo melhor, “Se parece com um pato, age como um pato, grasna como um pato, então é um pato” (replicando a frase original Patterson).
Chegamos ao Ceará, o “teste do pato” se encaixa tanto para o governo Elmano de Freitas como para a oposição. Elmano já passou no teste do pato, está candidato à reeleição, agindo como candidato e preparado para defesa do projeto que representa, de esquerda e em defesa do presidente Lula.
Elmano não entrou na briga ideológica do “tarifaço” imposto pelo governo americano, que prejudica empresários e trabalhadores cearenses, apresentou um pacote de medidas econômicas para tentar minimizar os efeitos na economia cearense e tem dado prioridade no combate à criminalidade no estado, pautas que seguramente serão temas do debate eleitoral em 2026.
Já o bloco de oposição, sem ninguém se apresentando como candidato, o bloco permanece envolto em indefinição. No momento, não tem ninguém agindo como candidato e se apresentando como candidato. André Fernandes anunciou que não apoiaria Ciro e Roberto Cláudio para o governo do Ceará. Ciro silenciou. O ex-presidente segue calado nessa guerra tarifária que envolve direita e esquerda no país. Ciro é crítico da polarização, mas não pode contrariar Fernandes no momento.
Roberto Cláudio estava bem adiantado como pré-candidato desse bloco, depois que o nome de Ciro entrou no páreo, ele deu uma recuada e agora tenta retomar esse posicionamento com críticas efetivas a gestão do governor Elmano de Freitas.
Capitão Wagner mantém o discurso de críticas ao governo na área da Segurança Pública, mas não definiu se vai para o Governo, para o Senado ou para a disputa de uma vaga na Câmara Federal. Ele ganhou ponto ao participar da mobilização da direita contra o STF e a favor da anistia de Bolsonaro, mostrou que tem mais inclinação para este campo, ao contrário de Roberto Cláudio e Ciro que sempre estiveram mais inclinados para o campo da esquerda.
Por outro lado, André Fernandes, diz quem não apoia, mas também, não afirma quem será o escolhido ou escolhida para representar esse campo da oposição. Sua liderança no campo da direita está consolidada, disso ninguém tem dúvida.
Dentro desse cenário político, a oposição no Ceará ainda se divide entre grasnar como direita e marchar como centro. Enquanto não define seu rumo, continua presa no teste do pato, sem identidade clara, sem unidade e sem um candidato para chamar de seu.