
Ciro e Sobral fazem Cid se movimentar no cenário político. A ação de Cid afeta Júnior Mano na corrida majoritária. A demora nas articulações pode custar uma vaga para o Senado.
Ganhou força a tese de que Cid Gomes já admite ser candidato à reeleição para o Senado. Mas o que vem fazendo Cid mudar de ideia?
No início desta semana, na rádio Timbaúba FM, Júnior Mano deu a seguinte declaração: “Confio em Cid porque ele é um homem de palavra, assim como eu também sou. Mas, se ele decidir pela reeleição, terá meu apoio onde ele estiver ou onde eu estiver”, afirmou o parlamentar.
Júnior admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de apoiar a reeleição de Cid, caso ele decida concorrer novamente ao Senado Federal.
Diante desse novo movimento político, para entender o fim é preciso voltar ao começo. Depois da eleição de 2022, com a reclusão de Cid na Serra da Meruoca no período eleitoral e a eleição de Elmano ainda no primeiro turno, Cid começou a trabalhar no pós-eleição para fortalecer o PSB e consolidar uma nova estrutura política depois da debandada de parlamentares pedetistas para a nova sigla.
Foi nesse período que Cid Gomes sinalizou para o deputado federal Júnior Mano a possibilidade de o parlamentar concorrer a uma vaga para o Senado, caso ele viesse para o PSB, e assim o fez, com toda veemência.
Por outro lado, Júnior Mano também cumpriu o compromisso, se filiou à legenda, tornando-se o único deputado federal do partido. Ambos cumpriram suas palavras, e tudo caminhava bem, até aparecer o “fator Ciro”. O ex-ministro teve o nome lançado para o Palácio da Abolição, o nome se mostrou competitivo e viu sua pré-candidatura crescer nos levantamentos de pesquisa, fato que mudou o cenário político do Ceará.
Com o nome de Ciro no jogo eleitoral, aumentou a pressão e as cobranças para Cid disputar a reeleição. O presidente da Assembleia, Romeu Aldigueri, puxou o coro, dizendo que não existe nada contra o deputado federal Júnior Mano, mas a reeleição de Cid é boa tanto para o projeto quanto para o partido.
Em seguida, o presidente da Câmara de Fortaleza, Léo Couto, também revelou o desejo de ter Cid na chapa majoritária para o Senado. Com as declarações dos dois presidentes do Poder Legislativo filiados ao PSB, a tese ganhou força na legenda e fortaleceu o desejo da base governista.
Além do “fator Ciro”, o “fator Moses Rodrigues” também ajuda a corroborar essa tese de Cid não perder espaço na majoritária, por conta do território de Sobral. Com a possibilidade cada vez mais crescente de o deputado federal assumir o comando da Federação União Progressista no Ceará, aumenta a possibilidade de Moses ocupar uma das vagas para o Senado, por conta da força partidária em nível nacional.
Júnior também deixa uma mensagem enigmática no final de sua fala na entrevista, em caso de Cid concorrer à reeleição: “terá meu apoio onde ele estiver ou onde eu estiver”, ficando em aberto para interpretações se o “onde eu estiver” se refere ao cargo ou ao partido.
Cid, que sempre deixou para a última hora a tomada de decisão política, agora sente a necessidade de se antecipar aos fatos, uma vez que o jogo mudou, o campo mudou, os adversários mudaram, incluindo o próprio irmão, que domina as regras desse jogo como ninguém.
A estratégia do grupo governista de tomar decisões em cima da hora sempre funcionou. Esse timingtambém mudou. Em nível nacional o bolsonarismo já lançou um nome para presidência para evitar ruídos e divisões. No Ceará, a base governista parece presa as estratégias do passado.
Dessa vez, esperar pode custar a vaga.